sábado, 1 de julho de 2017

Sobre o uso das "novas tecnologias digitais"



Por Danilo José Viana da Silva


A relação de proximidade e distância que um pesquisador tem com o seu objeto corresponde a uma questão significativamente relevante. Quando investigamos as práticas dos alunos de graduação em direito na sala de aula atualmente, por exemplo, não podemos ignorar as modificações e os efeitos mais diretos que o uso das chamadas “novas tecnologias” como, por exemplo, os Smartphones e Iphones, podem engendrar.


Na época em que cursei a graduação em direito o uso esse tipo de tecnologia, incluindo o uso do Whatsapp, ainda não estava em um nível tão difundido como hoje. Isso, no mínimo, basta para deixar de sobreaviso a percepção de um pesquisador que, por achar que por ter passado pelos ritos e pelas experiências de socialização acadêmicas na graduação em direito, já sabe ou tem alguma ideia de como as relações e as conversas entre alunos ocorrem em sala de aula sem fazer o barulho característico dos “cochichos” que tanto incomodavam grande parte dos professores no momento da aula.


Seria, no mínimo, interessante se o modo como reagem os professores a esse uso das tecnologias digitais em sala de aula fosse considerado. Isso possibilitaria se investigar como se dá o uso do controle professoral das conversas que não fazem barulho; quer dizer, a própria investigação do exercício do poder simbólico em sala poderia ser incrementada com a consideração do uso dessas “novas tecnologias” como veículos de socialização em sala no momento da aula.  


A investigação das mudanças de comportamento engendradas pelo uso das tecnologias digitais requer, lembraria Cicourel, uma “observação em períodos temporais prolongados” (CICOUREL, Aaron. Manifestações Institucionais e Cotidianas do Habitus. In.: Tempo Social, revista de sociologia da USP., V. 19, n. 1. P. 177) do comportamento tanto dos alunos quanto dos professores.


Uma análise mais rigorosa do habitus requer, sem dúvida, um trabalho muitas vezes significativamente difícil, tendo em vista as condições de pesquisa aqui no Brasil, de ser desenvolvido por um único pesquisador. E o desenvolvimento e uso dessas tecnologias digitais em sala tendem a engendrar efeitos ignorados por um pesquisador que, muito embora tenha passado por uma graduação em direito, não os experienciou enquanto aluno de graduação. Corresponde a  novos instrumentos de socialização no desenrolar da aula.


Esses efeitos correspondem a modificações nas experiências contemporâneas de socialização entre os acadêmicos. E uma pesquisa empírica não pode deixar isso de lado, nem mesmo a título de registro das limitações da pesquisa por não poder ter levado esse projeto a um nível mais rigoroso. É preciso ter ciência de que sempre é preciso fazer melhor uma pesquisa.        


terça-feira, 28 de março de 2017

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Jonathan Swift e a crítica ao ponto de honra escolástico.




Por Danilo José Viana da Silva


Tenho a impressão de que a "Ilha Voadora" descrita por Jonathan Swift em "Viagens de Gulliver" corresponde a um típico exemplo de como a sátira literária pode exercer um considerável efeito crítico àquilo que Bourdieu considerava como um dos maiores obstáculos característicos do mundo intelectual, qual seja, o "ponto de hora escolástico" e todas as suas ilusões correlatas. 

A ilusão de absoluta autonomia das questões propriamente intelectuais frente as pressões da vida ordinária, ligada a um sentimento de liberdade reforçado pela disposição para transformar  os problemas mais viscerais da existência em uma questão abstrata (reforçando assim as oposições entre o conhecimento abstrato e a tudo o que está ligado a terra, ao gosto, ao corpo, etc), vem encontrar o seu caso limite, na sátira de swift, na existência de uma ilha voadora onde os seus habitantes mais notórios "andavam", como lembra Swift, " sempre mergulhados em altas especulações, que precisavam de ser despertados daquela maneira para responder ao que lhes era perguntado. Assim, toda a pessoa de posição possuía um "acordador" que o acompanhava a toda a parte." (Viagens de Gulliver. SP: Ed. PARMA LTDA. 1982. p. 89)      



  

domingo, 27 de novembro de 2016

Uma possível pesquisa




Por Danilo José Viana da Silva





Levando em conta as quatro dimensões dinâmicas e relacionais que Charles Tilly considera como relevantes para se auferir os níveis de democratização e desdemocratização  de um determinado Estado, penso que nos dias atuais uma pesquisa sobre a atuação dos setores estatais no que diz respeito as suas relações com as demandas dos movimentos sociais pode ser relevante para uma maior compreensão sobre a atual conjuntura política.


1.      Essa pesquisa levaria em conta a “amplitude” (TILLY, Charles. Democracia. Editora Vozes. 2013. P. 28), ou seja, permitiria se observar em que níveis uma parcela da população goza de extensos direitos em detrimento de outros cidadãos, que são “largamente excluídos dos processos políticos”, (Ibid). Nesse caso, um alto nível de democratização corresponderia a uma considerável amplitude de “inclusão política de pessoas sob a jurisdição do Estado (Ibid). E um alto nível de desdemocratização em curso poderia ser visualizado em um estado de coisas onde apenas uma pequena parcela dos cidadãos possuiria plenos direitos de cidadania e um vínculo com o Estado. Onde, por exemplo, apenas determinadas empresas poderiam ter acesso a participação política em detrimento de estudantes secundaristas, assalariados, etc.


2.      Uma pesquisa sobre a “igualdade” (Ibid) permitiria se analisar a variação dos níveis de igualdade no que diz respeito a definição e cumprimento de direitos e deveres. Em um nível alto de desdemocratização, poder-se-ia visualizar um quadro onde, por exemplo, categorias étnicas não teriam “qualquer conexão relevante com obrigações ou direitos políticos” (Ibid), a ampla igualdade prevaleceria apenas entre os cidadãos nativos ou naturalizados.


A consideração dessas duas dimensões, segundo Tilly, permitiria se levar em linha de conta os “aspectos cruciais da cidadania” (Ibid). Tratam-se, segundo o autor, de componentes essenciais da democracia. Neste caso, devem ser encarados como componentes relacionais, considerando a sua separação apenas para fins teóricos e didáticos. Mas, seria preciso se analisar duas outras dimensões características dos regimes democráticos, quais sejam, a “proteção” e o “caráter vinculante”.


3.      Uma pesquisa sobre a “proteção” (Op. cit. p. 29) permitiria se observar os níveis de proteção que os agentes estatais produzem contra as suas ações arbitrárias. Em um nível extremo, observar-se-ia um quadro onde “os agentes do Estado usam constantemente seu poder para punir inimigos pessoais e para premiar seus amigos; em outro, todos os cidadãos gozam de um processo público e correto.” (Ibid). Um nível alto de desdemocratização poderia ser exemplificado em um quadro onde, por exemplo, um magistrado orientaria policiais a usarem táticas de tortura contra estudantes secundaristas que ocupam, em um protesto contra medidas do governo, uma determinada escola pública.


4.      Uma pesquisa sobre o “caráter mutuamente vinculante” (Ibid) seria relevante para se auferir os níveis de variação da relação de vínculo existente e/ou inexistente entre “os requerentes dos benefícios do Estado” com o próprio Estado. Em um nível considerável de desdemocratização, poder-se-ia observar um quadro onde os demandantes de direitos sociais e de benefícios estatais teriam que “subornar, persuadir, ameaçar ou usar a influência de terceiros para conseguir alguma coisa” (Ibid); poder-se-ia visualizar um quadro considerável de desdemocratização em uma relação praticamente inexistente de vínculo entre o Estado e as pautas defendidas por estudantes secundaristas, onde o Estado não manteria nenhum tipo de diálogo com as pautas levantadas por esse movimento. Em um considerável nível de democratização, os direitos demandados pelos cidadãos são  reconhecidos e concedidos pelos agentes do Estado.



              Essas quatro dimensões podem ser tomadas, segundo Tilly, como marcadores do “grau de democracia” de um determinado Estado. A democratização seria caracterizada como uma crescente dessas quatro dimensões, enquanto a desdemocratização por uma constante baixa dessas quatro dimensões. Uma pesquisa que levasse em conta os níveis de variação dessas dimensões no Brasil possibilitaria se analisar, com dados empíricos,  os níveis de desdemocratização por que passa o Brasil atualmente.  







                           

Fotos de estudantes secundaristas segurando cartazes em protesto ocorrido na AV. Norte de Recife-PE no dia 22/11/2016 contra a "reforma" do ensino e contra a PEC55 propostas pelo governo Temer. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Sobre meditações pascalianas de Pierre Bourdieu



Por Danilo José Viana da Silva




Através da reativação sociológica da crítica pascaliana da razão autofundadora (“O que assenta na sã razão é bem mal fundado, como a estima da sabedoria”) Bourdieu faz uma análise pormenorizada de boa parte da tradição filosófica tanto moderna quanto contemporânea.


Por meio dessa análise, Bourdieu põe em prática os princípios e toda a artilharia analítica de sua sociologia reflexiva, a qual exige, como uma das mais importantes condições para o exercício da sociologia, que o próprio sociólogo empregue contra si mesmo os instrumentos de objetivação que ele emprega em seu trabalho de pesquisa.


A vigilância epistemológica contra si (uma análise da relevância da vigilância epistemológica contra si pode ser encontrada em “O racionalismo aplicado” de Gaston Bachelard, uma das mais importantes influências na sociologia do conhecimento de Bourdieu) acaba encontrando uma oportunidade considerável de exercício na medida em que a crítica pascaliana do fundamento racional da razão, como um tipo de crítica a forma de denegação de gênese histórica e social dos próprios instrumentos de reflexão racional, é empregada rigorosamente contra as determinantes sociais que contribuem para a amnésia da gênese histórica e social do próprio habitus escolástico, do próprio escolástico que existe em cada um de nós.


A sociogênese da disposição escolástica ( a qual pode ser aqui rapidamente definida como uma inclinação para construir e perceber o mundo e os seus objetos como absolutamente autônomos através de esquemas interiorizados e pensados como instrumentos absolutamente autônomos de conhecimento, e de acordo com uma disposição liberada das urgências e da alienação do tempo necessário para o exercício da apropriação cultural, da imprevisibilidade de uma vida instável econômica e social, de uma condição de existência relativamente favorável à “escolha” dos produtos e modos de ação reconhecidos como marcadores de distinção cultural, verdadeira condição para se ascender a predileção e as “escolhas” desinteressadas – tomadas como efeitos de um dom inato e, portanto, dessocializado –  pelos mais nobres objetos de reflexão e apreciação ) acaba contribuindo para se produzir instrumentos eficazes contra os erros escolásticos, os quais tendem a “pôr a razão onde ela nunca esteve”, diria Pascal, verdadeiro princípio de erro que só pode ser rigorosamente combatido pondo os instrumentos da razão contra ela mesma, através de um rigoroso exercício de uma autoanálise sociológica, uma das condições indispensáveis, segundo Bourdieu, não apenas para o progresso das ciências sociais, mas também para uma atuação política mais eficaz.


Obra importante para o exercício da crítica ao fetichismo cultural, exemplo expresso e não devidamente questionado de um dos efeitos mais dissimulados no mundo intelectual da dominação simbólica, que tem como uma de suas características o fato de os dominados contribuírem inconscientemente para a sua própria dominação.


Obra importante para se pensar também em como a sociogênese da produção do que hoje no mundo intelectual é tomado como evidente, justamente por fazer parte da doxa constitutiva e fora do espaço do questionável pela própria filosofia questionadora,  justamente por ser um dos fundamentos tácitos e amplamente aceitos como evidentes nos mais diversos jogos intelectuais, pode contribuir para a efetivação do que Bourdieu chama de “Realpolitik da razão” e para o fortalecimento dos instrumentos de combate contra os princípios do erro escolástico que existem em cada um de nós, em nosso mais profundo âmago.


Levando em conta que, como definia Bachelard, “a verdade é uma ilusão bem fundamentada”, e de que o erro é parte constitutiva e ativa da produção de conhecimento, o exercício da vigilância epistemológica não se baseia em uma ilusão fundada em um ritual de expurgo ou de exorcismo do erro e da ilusão, mas uma importante ferramenta empregada por Bourdieu para o exercício de uma verdadeira sociologia do conhecimento sociológico, para um constante, interminável e incansável combate às labaredas de fogo do erro (Canguilhem, um dos discípulos mais conhecidos de Bachelard, afirma que ”o erro não é fumaça, mas fogo que ressurge sempre”) que a todo o instante tendem a determinar significativamente o desenrolar do árduo e ingrato exercício de pesquisa.


No caso da sociologia, assim como Bachelard afirmava que para que o progresso do conhecimento científico, no caso especifico da Química, seria preciso que o químico lutasse constantemente contra o alquimista que existe em seu interior, em seu mais profundo âmago, Bourdieu sustenta que o sociólogo deve combater sem cessar o sociólogo espontâneo e os princípios do erro escolástico que existem em seu mais profundo âmago, sem tréguas.


Um rigoroso trabalho de sociogênese do habitus escolástico e do homo academicus que vive em nós, e de crítica à ilusão de liberdade altaneira que o fetichismo da cultura intelectual pode propiciar contribuindo para os mais diversos sobrevoos intelectuais sobre o mundo social.



Uma importante contribuição ao exercício de autoanálise do espaço de ação e de construção intelectual do mundo. Como Bourdieu fala em entrevista a Roger Chartier, “tudo o que é a mistificação produzida pelos intelectuais é algo que depende de nós. Eis por que a crítica da ilusão intelectual, que é de nossa alçada – mas não é, de modo algum, ‘o todo’ da ação política - , é, sem dúvida, o mais importante daquilo que podemos fazer.” (BOURDIEU, Pierre e CHARTIER, Roger. O sociólogo e o historiador. Editoria Autêntica. 2012. P. 43)                 

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Assar castanhas: um saber não escolar.




Por Danilo José Viana da Silva


        Uma das últimas e mais agradáveis experiências pelas quais passei foi sentir o cheiro de castanha de caju sendo assada. Esse cheiro me fez relembrar os vários momentos de aprendizagem não escolástica com a minha falecida avó no sitio  que para mim (um garoto de dez anos) constituía o melhor de todos os mundos possíveis, onde ela morava com o meu avô. 

        Ela me ensinou como assar uma “cacada de castanhas”, não como os professores da escola, mas como um tipo de artesã que no momento de transmitir os seus conhecimentos práticos, o faz através do gesto, da prática de uma espécie muito particular de conhecimento que só pode ser adquirido através da constante prática. As lembranças que subitamente esse cheiro me proporcionou me fez lembrar a forma como Proust pensava no quanto pode ser inútil tentarmos reviver o passado através de uma atividade intelectual. Como ele mesmo escreve, “é trabalho baldado procurar evocá-lo, todos os esforços de nossa inteligência serão inúteis. Está escondido, fora de seu domínio e de seu alcance, em algum objeto material (na sensação que esse objeto material nos daria), que estamos longe de suspeitar.”  (PROUST, Marcel. Em busca do tempo perdido: no caminho de Swann. ) 


          Aquele cheiro me fez reviver subitamente todo um conjunto de experiências pelas quais passei no sitio de minha avó e que existiam em estado recalcado, que “haviam perdido a força de expansão que lhes teria permitido alcançar a consciência”, diria Proust, por todo um processo de aprendizagem escolar e acadêmico que me treinou gradativamente em seus jogos, com suas provas e exercícios gratuitos que contribuíram para me afastar cada vez mais das experiências do “gosto”, do “sabor” de se comer uma manga no pé, do “prazer” em procurar pelo cheiro uma jaca madura (a caça vale tanto quanto a lebre, diria Pascal) para subir na jaqueira e retirá-la sem a ajuda de nenhuma faca para depois descer com o seu talo entre os meus dentes, da “alegria” de constatar que, ao assar uma “cacada de castanhas” de caju, não tinha queimado uma grande quantidade delas... 


        E também me fez reviver, o cheiro, sempre o cheiro, as broncas amorosas da minha avó quando via que eu quebrava as cascas das castanhas e imediatamente as comia: isso fazia com que as suas esperanças de que eu conseguisse juntar um certo pecúlio de castanhas descascadas para fazer um possível pé de moleque fossem frustradas. 


          Esse cheiro me fez lembrar das minhas várias habilidades em subir em árvores, em ter o devido cuidado com as casas de marimbondos, com os cavalos do cão, serpentes... enfim, de todo um conjunto de conhecimentos práticos (e que só podem ser adquiridos pela constante prática) dos quais tinha me esquecido. Não ignoro o quanto  a experiência escolástica e acadêmica dos exercícios gratuitos contribuiu bastante para esse processo de esquecimento desse tipo de conhecimento inacessível pela inteligência escolar e acadêmica.                 

sábado, 5 de novembro de 2016

A força das palavras e o kairos



Arte: Honoré Daumier


Por Danilo José Viana da Silva



Considerando que uma das características das lutas que se desenrolam no campo jurídico corresponde ao fato de que “no texto jurídico estão em jogo lutas, pois a leitura é uma maneira de apropriação da força simbólica que nele se encontra em estado potencial” (BOURDIEU, Pierre. A força do direito. In.: O poder simbólico. P. 213) não se pode ignorar os efeitos práticos que essa apropriação do corpus textual jurídico pode engendrar.


Diferentemente das lutas que se desenrolam para para se determinar o sentido das palavras nos campos filosófico e literário, por exemplo, nos campo jurídico  e político o efeito de se jogar com o sentido das palavras que fazem parte do corpus textual jurídico exerce frequentemente efeitos sociais e políticos bem reais sobre uma  considerável parcela  da população (um dos fortes indícios disso pode ser encontrado nos mais variados sentidos, inclusive sobre os seus efeitos, que os mais diversos entrevistados pela "mídia livre" deram da palavra "Impeachment"nas manifestações pro-impeachment.


Assim como o poeta na sociedade Cabila poderia, como lembra Mouloud Mammeri, jogar com o sentido das palavras do "corpus da tamusni"1 visando efeitos práticos, o jogo ao mesmo tempo jurídico e político - o que demonstra o baixo nível de autonomia do campo jurídico -  com a palavra  "impeachment" contida no corpus jurídico tende a mostrar uma das dimensões das lutas simbólicas, qual seja, a luta para determinar, no momento oportuno, o "sentido" da palavra autorizada no e pelo jogo.



É assim que os textos jurídicos podem ser ajustados em conformidade com os interesses dos intérpretes: diante do Kairos como "o momento oportuno, aquele que é preciso aproveitar para falar sobre algo"2 pode-se jogar com os termos jurídicos, jogar com a própria polissemia (chegando até mesmo a os contradizer) do corpus textual para a realização dos mais diversos interesses particulares, econômicos, políticos dos envolvidos... sem falar nos efeitos sociais e políticos que esse jogo pode propiciar, tal como o jogo jurídico e politico que se realizou com a palavra "impeachment", juntamente com toda a atuação dos ministros do SFT no que diz respeito ao seu jogo com as palavras dos textos jurídicos, chegando até mesmo a as contradizer.


As lutas simbólicas são, em grande parte, lutas pela apropriação de palavras autorizadas e reconhecidas por toda uma tradição jurídica, mas com efeitos bem reais que não estão restritos ao campo jurídico. 



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1. Dialogo sobre a poesia cabília: entrevista de Mouloud Mammeri a Pierre Bourdieu. In.: Revista de sociologia e politica. n. 26: 61-81. JN. 2006. p. 72

2. (Dialogo sobre a poesia cabília: entrevista de Mouloud Mammeri a Pierre Bourdieu. In.: Revista de sociologia e politica. n. 26: 61-81. JN. 2006. p. 73